Aqui vou eu nesta queda, de cabeça, com o mesmo sorriso nos lábios e a mesma confiança no olhar.
Gostava que tivesses a mesma confiança que eu, sempre.. e sei que a tentas ter.. sei que a queres ter. Já te vi com menos.. ontem vi-te com mais.. hoje vi-te ainda com mais.. e sei que amanhã vais ter mais ainda.
Vou nesta queda, acelerado, simplesmente a deixar-me cair. Parece fácil...
De repente, parece que o tempo pára na minha cabeça. Olho em volta. Tenho a sensação de algo está mal. E está. Esta minha queda tem de parar. E vai parar...
Olho para baixo, vejo-te a vir, a trepar com todas as tuas forças.. e então agarro-me com unhas e dentes às paredes deste poço para parar esta queda.
Vens nessa tua escalada. Paras ao meu lado e olhas-me. Dizes-me com o teu olhar que não é fácil. Não é nada fácil. É bem mais difícil que uma simples queda. É uma escalada meticulosa, que não pode ser feita à pressa. É preciso saber bem onde colocar e como colocar as mão e os pés, para não haver escorregadelas ou imprevistos. Pode demorar o seu tempo, mas esta escalada merece ser perfeita.
Não te estico a mão, pelo menos para já. Mas inverto o meu sentido. Vou subir a teu lado, sempre a partir de agora. É uma escalada tua, mas que é nossa ao mesmo tempo. Sei que és forte, muito forte, e sei que te vais aguentar.. mas quero subir a teu lado, sempre bem perto de ti, para te poder apoiar, para te poder ajudar caso escorregues.. para não te deixar cair.. sempre que precisares.
Algo me diz que este poço não tem fundo. E por isso temos de sair dele. Estou confiante e acredito que vamos chegar ao topo. E lá em cima, teremos um novo desafio à nossa espera. O maior e o mais saboroso de todos os desafios.
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Aeródromo de Proença-a-Nova
Há 2 semanas